Após estruturar a operação comercial e otimizar o BackOffice (case 2) , a Escale enfrentava um novo desafio: o crescimento da empresa chegou a um platô. Com leads sendo gerados, mas o retorno começando a estagnar, o foco mudou para maximizar o potencial dos leads existentes e criar uma operação mais eficiente e escalável. Nessa terceira fase, vou contar como, através da automação, reestruturação de processos e análise de dados, implementamos soluções digitais que não só aumentaram a eficiência, mas também ampliaram a conversão de leads e reduziram significativamente os custos operacionais. Um desafio que mostrou que o segredo não está apenas em adquirir mais leads, mas em saber trabalhá-los da melhor forma possível.
empresa
Escale
ano
2019 - Q3
cargo
Coordenador de Projetos Sênior
softwares
KPIs
SQL
A Escale é uma salestech brasileira fundada há 10 anos, especializada em digitalizar e otimizar funis de aquisição para setores complexos como telecomunicações, saúde e finanças. Com sede em São Paulo e mais de 450 colaboradores distribuídos pelo Brasil e outros países, a empresa já levantou US$ 50,1 milhões em investimentos, incluindo uma rodada Série C de US$ 27,5 milhões. Seu foco é integrar tecnologia aos fluxos de compra, aprimorando a experiência digital e reduzindo o custo de aquisição de clientes (CAC).
Após consolidar seu funil de compra para telecomunicações e adquirir a Umbrella, a maior corretora de planos de saúde de São Paulo, a Escale deu início a uma nova vertical de negócios. Fui convidado em julho de 2019 para assumir o cargo de Coordenador Sênior de Projetos, com a missão de liderar a integração entre as duas empresas e estruturar a operação de vendas para escalar nacionalmente. Na primeira fase, otimizamos os processos comerciais, fortalecendo o funil de vendas e criando um fluxo sólido que maximizou a receita.
Nessa terceira fase, após a consolidação das operações de vendas e BackOffice (case 2), enfrentamos um novo desafio: otimizar o desempenho para superar um platô no crescimento. O foco agora era maximizar o potencial dos leads já existentes, e aproveitar cada oportunidade de forma mais estratégica. Nesse momento, nossa missão era refinar os processos, melhorar a qualidade das interações com os leads e aplicar uma abordagem mais orientada a dados, para impulsionar o crescimento para além de São Paulo, com uma operação cada vez mais eficiente e alinhada à visão de escalar continuamente, sem perder a qualidade ou a eficiência operacional.
1. Qualificação digital
- Tempo de contato com o SDR: Muitos leads eram perdidos por não serem contatados rapidamente. Como os leads preenchem vários formulários na internet, as empresas que respondiam mais rápido tinham mais chances de fechar a venda, especialmente em um setor com preços tabelados como o de planos de saúde.
- Qualificação restrita ao horário comercial: Isso limitava o alcance e a efetividade da operação de SDR.
- Automação limitada no WhatsApp: Os SDRs repetiam manualmente perguntas básicas, como localização e informações sobre o plano, o que tornava o processo ineficiente e desgastante.
- Fila de espera nas ligações: Leads que optavam por ligação enfrentavam longas filas de espera, já que esse era um canal síncrono e exigia a disponibilidade de um agente. Isso resultava em tempo ocioso tanto para o lead quanto para a Escale.
- Escalabilidade limitada: À medida que a operação de SDR crescia, o custo de manter a equipe aumentava proporcionalmente, e o volume de leads tornava-se cada vez mais difícil de gerenciar.
2.Canal inbound
- Alto índice de abandono: As LPs incluíam um telefone que, na maioria das vezes, não tinha resposta imediata, levando ao abandono de leads e perda de oportunidades de conversão.
- Mau dimensionamento do time: Identificamos, ao avançar nos projetos anteriores, que os leads que entravam em contato por telefone tinham um ticket médio mais elevado, especialmente empresas buscando cotações para seus funcionários. Isso indicava um potencial de conversão maior, mas a operação não estava dimensionada para atender essa oportunidade.
- Falta de estrutura tecnológica: A operação inbound exigia uma infraestrutura robusta para lidar com as ligações e integração com o CRM. Inicialmente, não havia uma estrutura adequada para suportar essa demanda.
3. Reaquecimento de leads
- Descartes prematuros: Leads não qualificados ou convertidos nas primeiras tentativas eram descartados, e só eram reativados manualmente quando havia uma queda na aquisição de novos leads, sem um processo contínuo de follow-up.
- Baixa eficiência no retrabalho manual: O reaquecimento manual de leads era lento, trabalhoso e apresentava uma conversão insatisfatória em relação ao custo da operação.
- Desperdício de investimento: A empresa já havia investido na aquisição desses leads, então retrabalhá-los seria uma forma de maximizar o retorno sobre o investimento inicial.
- Bots no WhatsApp: Implementamos bots inteligentes para automatizar a qualificação, coletando informações essenciais e acelerando o processo de envio de leads qualificados para a equipe de vendas.
- URA no telefone: Introduzimos uma Unidade de Resposta Audível (URA) para qualificar automaticamente os leads via telefone, transferindo-os para os SDRs apenas quando necessário.
- Automação por SMS: Expandimos a qualificação automatizada para o canal de SMS, aumentando a abrangência do processo de qualificação.
- Chat interativo nas landing pages: Integramos chats ativos nas LPs para qualificação em tempo real, o que aumentou a taxa de engajamento e conversão.
- Discadora automática: Um sistema que ligava automaticamente para leads que não respondiam aos canais digitais, garantindo que nenhum lead fosse perdido.
- Widget click-to-call: Desenvolvemos um widget que permitia ao usuário solicitar um contato imediato ou agendar uma ligação para o futuro.
- Otimização das LPs fora do horário comercial: Ocultamos os números de telefone nas LPs fora do horário comercial, redirecionando os leads para o WhatsApp, garantindo que todos os leads tivessem um ponto de contato.
- Priorização de leads quentes: Implementamos um sistema que priorizava as ligações mais valiosas (como leads PME), garantindo que esses leads fossem atendidos mais rapidamente.
- Dimensionamento de equipe: Reestruturamos a equipe para garantir que sempre houvesse SDRs e Negociadores disponíveis para atender às transferências de chamadas e iniciar negociações rapidamente.
- Painéis de controle gerenciais: Desenvolvemos painéis de monitoramento em tempo real para acompanhar a performance da equipe, medindo tempo de espera, taxa de abandono e produtividade.
- Automação de follow-up: Automatizamos o retrabalho de leads com abordagens personalizadas baseadas em dados anteriores, melhorando a eficiência do processo de reaquecimento.
- Discadoras preditivas e templates para WhatsApp: Implementamos discadoras preditivas e utilizamos templates aprovados pelo Facebook para o envio de mensagens via WhatsApp.
- Roteamento inteligente: Se um lead reengajado já havia tido contato com um negociador, ele era redirecionado para o mesmo agente, ou para um novo negociador se necessário, otimizando o atendimento com uma abordagem mais personalizada.
Redução do tempo de distribuição de leads: O aprimoramento no roteamento inteligente de leads permitiu reduzir o tempo de distribuição de 120 minutos para 35 minutos. Esse ganho de agilidade no fluxo de trabalho proporcionou uma melhoria na velocidade de resposta aos leads, aumentando as chances de conversão e a eficácia da equipe de vendas.
Aumento da produtividade dos SDRs com automação: A introdução de automação de processos e uma discadora automática resultou em um salto na produtividade dos SDRs, passando de 85 para 182 interações mensais entre Q3 e Q4 2019. Com menos tarefas manuais, os SDRs puderam se concentrar em interações com os leads, aumentando a produtividade e gerando mais oportunidades de negócios.
Qualificação digital escalonada: A automação da qualificação, com a implementação de bots no WhatsApp, chat e telefonia, elevou a qualificação digital de 0% para 43%, otimizando o processo e permitindo que uma parte da triagem fosse feita de forma automática. Além disso, isso resultou em uma redução do número de SDRs, contribuindo diretamente para a redução de custos operacionais.
Redução no tempo de primeiro contato: Com a combinação de qualificação digital e aumento da produtividade, consegui reduzir o tempo médio de primeiro contato de 300 minutos para 60 minutos, o que significou uma aceleração no engajamento com os leads e, por consequência, uma maior chance de conversão.
Migração para canais assíncronos: A introdução de canais assíncronos, como o WhatsApp, gerou uma migração de interações de telefonia, passando de 0% para 22%. Isso não só permitiu o atendimento de múltiplos leads simultaneamente, como também ofereceu aos usuários a liberdade de escolher o canal de comunicação preferido, resultando em uma melhor experiência de cliente e em uma gestão de tempo mais eficiente para os vendedores.
Aumento na taxa de contato e engajamento: O processo de qualificação mais ágil, combinado com a automação, resultou em um aumento da taxa de contato de 53% para 76% entre Q3 e Q4 2019, o que significou mais negociações iniciadas e cotações enviadas, refletindo uma melhora na conversão de leads em oportunidades reais de vendas.
Impacto na taxa de conversão final: Todos os ajustes realizados — como a discadora automática, o roteamento otimizado, a qualificação digital e as estratégias de reaquecimento de leads — culminaram em um aumento de 4,5% para 7,8% na taxa de conversão final. Esse crescimento demonstrou não só a eficácia das soluções implementadas, mas também a capacidade de gerar valor real e tangível para a empresa através de um processo de vendas mais eficiente e centrado no cliente.